Você em algum momento já ouviu falar no termo ESG e ficou em dúvida sobre o que ele significa?
Hoje você não apenas irá entender exatamente o que é o ESG, ou ASG aqui no Brasil, mas também como ele funciona, e inclusive, formas de investir de acordo com o que as políticas de ESG propõem.
Como surgiu o termo ESG?
A primeira vez em que o termo foi mencionado e cunhado foi em 2004, em uma publicação do Banco Mundial, em parceria com o Pacto Global das Organização das Nações Unidas, em conjunto com instituições financeiras e 9 países.
O documento chamado “Who Cares Wins”, em português, “Ganha quem se importa”, foi uma forma de provocação por parte do secretário-geral da ONU da época, Kofi Annan, a CEOs de 50 grandes instituições financeiras ao redor do mundo, com o objetivo de ter respostas quanto a possibilidade de integrar os princípios do ESG dentro do mercado de capitais.
Desde 2004 até hoje a publicação de Kofi Annan serve como base para o que hoje chamamos de “Investimentos Sustentáveis”.
O que significa o “ESG”:
O termo ESG, ou ASG é uma sigla que significa E de Environmental, ou sendo trocado pela A aqui no Brasil, que representa Ambiente, S de Social, e a letra G de Governance, ou também chamado de Governança aqui no Brasil.
Apesar de existir uma sigla específica para o Brasil, ainda assim, é bem comum que se utilize apenas a sigla ESG, para simplificar o entendimento e não ocorrer confusões, agora, vamos entender o que cada letra significa e propõem dentro das políticas do ESG:
Environmental:
Essa parte se refere ao cuidado com o meio-ambiente, e tem como foco políticas de diminuição de matrizes energéticas poluentes, como petróleo, gás natural e carvão, e troca por matrizes de geração de energia mais limpas, como a solar, eólica, hidrelétrica e nuclear, além do investimento em melhoramento e desenvolvimento dessas tecnologias com objetivo de torná-las mais eficientes.
Além da parte energética dentro do “Environmental” do ESG, há também questões como estabelecimento de boas práticas para fabricação e descarte de materiais e embalagens plásticas, além da possibilidade de reciclagem destes materiais, com o objetivo de diminuir a quantidade de lixo sólido que pode vir a prejudicar o meio-ambiente.
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Social:
Já o “Social”, dentro do ESG, tem como foco a criação de políticas que valorizem os trabalhadores dentro das empresas, garantindo melhor segurança, saúde e direitos trabalhistas aos mesmos.
Além disso, dentro do “Social” então incluídas políticas de posicionamento por parte das empresas em causas e projetos sociais, atuação em apoio a comunidades carentes, além de também projetos de inclusão dentro da corporação a pessoas menos favorecidas.
Governance:
Dentro de “Governance’ está o estabelecimento e contínua melhora de políticas e práticas de controle de processos, posicionamento institucional por parte da empresa com relação a temas como lavagem de dinheiro, corrupção, trabalho escravo e dentro outros temas, estabelecendo políticas que busquem mitigar tais acontecimentos dentro da corporação o máximo possível, com contínuo monitoramento e melhoria em relação às práticas adotadas pelo mercado.
Em conjunto com isso, dentro de “Governance”, então também questões como transparência na remuneração dos diretores da companhia, tratamento igualitário entre os sócios majoritários e minoritários em relação a eventos corporativos na empresa, assim como a prestação de contas de maneira clara e direta ao níveis mais baixos da corporação, em conjunto com a criação de políticas de responsabilidade corporativa, principalmente para os diretores.
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Objetivo do ESG:
No fim, toda a estrutura do ESG tem como foco principal a melhoria da qualidade de vida da sociedade como um todo, através de boas práticas que visem a preservação do meio-ambiente e dos direitos humanos, além do desenvolvimento da sociedade como um todo, através de investimentos em projetos que tenham como foco justamente o desenvolvimento sustentável e duradouro.
Como uma empresa pode implementar as políticas de ESG?
Para facilitar o processo de implementação das políticas de ESG, após a divulgação do relatório em 2004, o Pacto Global da ONU divulgou materiais e artigos que buscam trazer de maneira prática e simples, algumas metas e processos para a implementação de toda a estrutura do ESG através dos chamados ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
Todo o processo, além das metas, foi posteriormente compilado em um único documento chamado SDG Compass, que resume todas os ODS e forma de implementá-los nas corporações, com o objetivo de atingir tais objetivos até 2030.
Atualmente, dentro da SDG Compass existem cerca de 17 ODS, que vamos conhecer agora:
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Objetivo 1 – Erradicação da pobreza:
Esse objetivo, de maneira simples, tem como meta principal erradicar a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares.
Objetivo 2 – Fome zero e Agricultura Sustentável:
Acabar com a fome mundial, alcançar a segurança alimentar para todas as pessoas, em conjunto com a melhoria da nutrição, além da promoção da agricultura sustentável.
Objetivo 3 – Saúde e Bem estar:
O seu principal foco está em assegurar uma vida saudável e bem-estar a todas as pessoas, em todos os lugares e em todas as idades.
Objetivo 4 – Educação de qualidade:
Assegurar a todos uma educação inclusiva, de maneira equitativa em relação a sua qualidade, independente do local ou classe social de onde venha, além da promoção de oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento ao longo da vida
Objetivo 5 – Igualdade de gênero:
Esse objetivo tem como meta alcançar a igualdade de gênero em todos os níveis organizacionais das empresas, além de empoderar todas as mulheres.
Objetivo 6 – Água potável e saneamento:
Tem como foco principal assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água potável, além de saneamento para todos.
Objetivo 7 – Energia limpa e acessível:
Este ODS tem como objetivo assegurar o acesso à energia de fontes confiáveis, sustentáveis, modernas e baratas a todos.
Objetivo 8 – Trabalho decente e Crescimento econômico:
Neste objetivo, o foco está em promover o crescimento econômico sustentado, que seja inclusivo e sustentável, além de buscar uma estrutura de pleno emprego produtivo e decente a todos.
Objetivo 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura:
Tem como objetivo construir e desenvolver infra estruturas resilientes, promoção da industrialização de maneira inclusiva e sustentável, além do fomento à inovação.
Objetivo 10 – Redução das desigualdades:
Reduzir a desigualdade social e econômica dentro dos países, e entre diferentes países.
Objetivo 11 – Cidades e comunidades sustentáveis:
Tornar as cidades e locais de moradia humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Objetivo 12 – Consumo e produção responsáveis:
Este ODS tem como meta estabelecer e assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis.
Objetivo 13 – Ação contra a mudança global do clima:
Tem como objetivo principal a implementação de medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus possíveis impactos gerados.
Objetivo 14 – Vida na água:
Tem como meta a implementação de políticas globais para o uso e conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e dos demais recursos marinhos, buscando o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15 – Vida terrestre:
Busca promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, assim como a sua preservação e recuperação, além de políticas para gestão sustentável de florestas, combate à desertificação de zonas de mata, deter e reverter os processos de degradação da terra e deter a perda da biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora.
Objetivo 16 – Paz, justiça e instituições eficazes:
Tem como foco a promoção de sociedades pacíficas e inclusivas, voltadas para o desenvolvimento sustentável, além do pleno acesso à justiça a todos, construção e desenvolvimento de instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os seus níveis organizacionais.
Objetivo 17 – Parcerias e meios de implementação:
Fortalecer os meios de implementação das políticas globais já adotadas, além da revitalização da parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Futuro dos investimentos sustentáveis:
Atualmente, com o crescimento de políticas mais rigorosas quanto a temas como diminuição da emissão de poluentes, desenvolvimento de indústrias carbono zero, assim como crescentes investimentos em novas tecnologias que busquem a melhoria da qualidade de vida das pessoas, principalmente no que tange a infraestrutura, só no Brasil, vimos o saldo do capital alocado em fundos e projetos ESG saltar de apenas alguns bilhões de reais para dezenas de bilhões de reais ao final de 2024.
Segundo dados da consultoria Deloitte feitos em 65 empresas, sendo 68% listadas em bolsas de valores ao redor do mundo, cerca de 75% dos investidores globais aplicaram aproximadamente um quarto do seus investimentos em índices classificados como ESG.
Além disso, na Europa, segundo um relatório feito pela consultoria PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos estarão em fundos que tem como base na seleção de ativos critérios ESG, o que representa cerca de US$ 8,9 trilhões, uma diferença de 15,1% a mais do que no fim do ano anterior.
No mesmo relatório, a PwC apontou que 77% dos investidores institucionais pesquisados reportaram que planejam parar de comprar produtos que não estejam de acordo com o ESG nos próximos dois anos.
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Como fazer investimentos sustentáveis?
Atualmente, com o crescimento do mercado de investimentos ESG, ocorreu o surgimento de vários veículos de investimento, além de informações adicionais que permitem a você saber se determinado investimento se enquadra como um investimento sustentável ou não.
Vamos conhecer duas formas:
Ações:
Atualmente, uma das formas mais comuns de se investir em negócios que estejam de acordo com o que propõem os critérios de ESG é através do mercado de ações, pois, com a popularização deste mercado, as empresas passaram a serem obrigadas a divulgar um relatório específico para o tema ESG, para que esteja de acordo com as políticas ESG e possa entrar nos índices e ser investida por fundos que tenham como foco esse tema.
Outra alternativa para você que busca uma maneira simples de se investir é através de ETFs que invistam em índices com tema ESG.
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Fundos de investimento:
Outra forma que tem crescido bastante é o investimento em negócios e empresas que estejam de acordo com critérios ESG através de fundos de investimento que sejam direcionados para esse propósito, desta forma, além de acessar os investimentos que já estão disponíveis para os investidores em geral, através dos fundos é possível também acessar projetos exclusivos que normalmente só seria possível através de um investimento financeiro muito grande.
Conclusão:
Com o crescimento dos investimentos sustentáveis, atualmente é possível ter um fácil acesso a este tipo de investimento, e por consequência, muitas novas oportunidades surgiram, contudo, é preciso, antes de realizar qualquer investimento, se ele está de acordo com o que se propõem, além disso, tão importante quanto isso, é se o investimento está de acordo com o seu perfil de investimento e objetivos
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