O que esperar da economia com a Selic em 14,25%?

Gráfico simbolizando o aumento da Selic

Na quarta-feira, dia 19 de março, além da decisão de juros do FED, que tomou a decisão de manter a taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%, também tivemos a decisão de juros aqui no Brasil, por parte do Copom, que, para colocar a inflação sob controle, tomou a decisão de aumentar a taxa selic de 13,25% para 14,25%.

Hoje, você vai entender o que essa decisão de subir os juros impacta na nossa economia, e também nos seus investimentos, além de como se proteger em caso de novos movimentos na taxa de juros.

O que levou a alta da taxa de juros?

Atualmente, diferente do que ocorre no caso do FED, que possui dois mandatos, sendo um o atingimento do estado de “Pleno emprego” na economia, e o outro o controle da inflação para que fique dentro da meta proposta, no caso do BACEN, o seu único mandato é o controle da inflação de forma que não fique fora da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional(CMN).

LEIA MAIS: FED mantém a taxa de juros em 4,25% a 4,50%

Desta forma, o principal motivo que levou a elevação da taxa de juros por parte do Copom é justamente a inflação acima da meta, que só no mês de fevereiro teve um resultado de 1,31%, o maior resultado para o mês nos últimos 22 anos, e em janeiro, se não fosse o efeito causado pelo bônus da usina de Itaipu, que fez com que o resultado do IPCA ficasse em 0,16%, o menor desde Janeiro de 1994, o resultado teria sido bem pior.

A estimativa é que o efeito do bônus da usina de Itaipu foi de aproximadamente -0,55 ponto percentual no índice geral.

Essa inflação bem acima do esperado foi principalmente motivada por alguns fatores como a alta do dólar, que acaba encarecendo as importantes, sazonalidade das safras de commodities, em conjunto com o aumento expressivo de algumas commodities, como café, petróleo e metais como o ferro.

Em razão desse ambiente de inflação mais alta, o Copom, que é um órgão do Banco Central do Brasil, decidiu por realizar um aumento na taxa Selic, que é a nossa taxa básica de juros.

Gostaria de entender como montar uma carteira para se proteger desses movimentos? Entre em contato com um dos especialistas pelo WhatsApp

O que o aumento da Selic impacta na economia?

Como estamos nos referindo a taxa básica de juros, ou seja, a Selic, os seus impactos são os mais diversos na economia do Brasil, e por conta disso, vamos citar os mais relevantes.

Câmbio:

Apesar de ser muito difícil de se prever para onde vai a taxa de câmbio, existem algumas tendências que podemos pensar para a taxa de câmbio com base no aumento da Selic.

Neste caso, considerando esse movimento na taxa de juros, o mais esperado é que a taxa de câmbio, principalmente com relação ao dólar, deve sofrer uma queda.

O motivo dessa possível queda é que, por conta da taxa de juros fornecer um rendimento mais atrativo, mesmo para investimentos de menor riscos, como os títulos públicos federais, investidores estrangeiros acabam trazendo grandes quantias de capital para o país, desta forma, tendo que adquirir mais reais em troca de dólares, desta forma, fazendo com que o real se valorize em relação ao dólar.

Crédito:

O crédito é onde a Selic mais tem efeito, afinal, é a própria Selic a taxa responsável por servir como base para praticamente todas as operações financeiras, como empréstimos, financiamentos e investimentos realizadas dentro do nosso país, de forma que quanto maior a Selic, mais caras se tornam certas operações, sendo o contrário também verdade, onde, em momentos de Selic baixa, essas operações se tornam mais baratas e mais fáceis de serem realizadas.

No momento atual, com a Selic em patamares mais altos, o Banco Central tem como objetivo dificultar o acesso ao crédito por meio do encarecimento, dessa forma, como falamos anteriormente, caso a pessoa não tenha o dinheiro disponível, realizar a aquisição de um bem por meio do crédito é bem mais dificultoso.

E isso não se aplica a aquisição de bens apenas, empresas que precisam de crédito para financiar projetos, antecipar recebíveis de vendas ou até mesmo de capital de giro para manter a operação rodando acabam sendo prejudicadas em um cenários de juros altos, desta forma, não conseguindo investir na expansão do negócio e novas contratações, deixando o negócio estagnado.

Em cenários mais extremos, muitas empresas possuem seus créditos reajustados pela Selic ou CDI, desta forma, em momentos de juros mais altos estes créditos se tornam mais caros, fazendo com que estas empresas tenham que reservar uma parte maior do seu fluxo de caixa para pagamento dos juros, e empresas que por algum motivo estejam em uma situação financeira mais frágil podem inclusive vir a pedir falência, é justamente por esse motivo que no ano de 2024 ocorreram 2.273 pedidos de Recuperação Judicial, um aumento de 22,86% em relação ao ano de 2023.

LEIA MAIS: IPCA em 1,31% para fevereiro: Entenda o motivo.

Dívida pública:

Por último, temos o efeito que o aumento da Selic traz para a dívida pública.

Por conta de ser uma estrutura deficitária, ou seja, as receitas geradas pelo governo são incapazes de cobrir os seus custos, o governo emite dívidas, com o objetivo de financiar estes custos, desta forma, gerando uma obrigação de pagamento futuro.

Com o aumento da Selic, a dívida pública, que já passou dos 90% do PIB, acaba sofrendo reajustes cada vez mais pesados em razão dos juros da dívida.

Desta forma, quanto mais alta for a taxa de juros, maiores serão os juros da dívida, desta forma, gerando uma maior pressão no fluxo de caixa do governo, podendo trazer possíveis incertezas quanto a saúde financeira do governo, prejudicando o sistema financeiro como um todo.

Gostaria de um especialista ajudando você a entender melhor estes movimentos do mercado? Chame um dos assessores parceiros do Meu Portal Financeiro pelo WhatsApp!

O que a alta da Selic impacta para os seus investimentos?

Essa elevação na taxa básica de juros do país acaba afetando os seus investimentos de várias maneiras, em alguns de forma positiva, enquanto em outros, de maneira negativa.

Renda fixa pós-fixada:

Começando com a mais simples, que é a renda fixa pós-fixada, como Tesouro Selic, ou aqueles CDBs que rendem um % do CDI.

No caso destes investimentos, uma alta na Selic fará com que eles, a partir do dia da divulgação da nova taxa, passem a render mais, proporcionalmente ao aumento realizado, contudo, em caso de queda, o rendimento também vem a cair.

Renda fixa pré-fixada:

No caso da renda fixa pré-fixada, o impacto é um pouco mais difícil de prever, pois depende de alguns fatores, como o risco do emissor, prazo do título e quanto o investimento está pagando.

Normalmente, para investimentos com vencimento mais longo, que normalmente oferecem mais riscos que, por exemplo, o Tesouro Selic, que é o investimento de menor risco atualmente, neste caso, em momentos de alta das taxas de juros, estes investimentos acabam sofrendo com a marcação à mercado.

LEIA MAIS: Como conquistar a sua aposentadoria com previdência privada.

Renda fixa híbrida:

Em relação aos efeitos da alta da Selic na renda fixa híbrida, o mais comum é que o impacto seja semelhante ao que acontece com investimentos pré-fixados, contudo, o seu efeito acaba sendo menos intenso.

Renda variável:

Por último, pensando em renda variável como um todo, em momentos onde há uma alta na taxa básica de juros, a tendência é que esses investimentos acabam se desvalorizando, pois, acaba ficando muito mais atrativo de se manter um investimento de menor risco em detrimento de um com maior risco, justamente pelo fato de um investimento de menor risco estar oferecendo uma rentabilidade maior, com exceção de momentos onde o investimento de maior risco esteja oferecendo uma maior rentabilidade que compense.

Como se proteger das próximas alterações?

Como vimos ao longo dos últimos anos, a economia é dinâmica, e com isso, a taxa de juros também sofre desse dinamismo, desta forma, a melhor forma de se proteger é por meio da diversificação, estruturando uma carteira que seja capaz de se beneficiar em todos os momentos, seja em momentos onde a taxa de juros esteja alta, quanto em momentos em que esteja baixa:

Conclusão:

Como vimos anteriormente, em razão da alta da inflação nos últimos meses, o Copom se viu obrigado a realizar estes aumentos na taxa de juros para que conseguisse conter o avanço da inflação, desta forma, neste momento é necessário ter cautela e observar como serão os próximos movimentos da economia após estes aumentos.

O esperado é que conforme a inflação volte para próximo da meta o Copom deve começar a sinalizar uma possível diminuição nas taxas de juros.

Para ajudá-lo a entender melhor os próximos passos da economia, o Meu Portal Financeiro, em parceria com a Apu Investimentos, um escritório vinculado a corretora EQI Investimentos disponibilizou alguns assessores de investimentos para atender você.

Basta clicar no link abaixo.

QUERO FALAR COM UM ASSESSOR!