Café ficou mais caro? Entenda os motivos

Xícara com grãos de café

Recentemente você deve ter visto que o café, desde o mais simples até aqueles mais sofisticados tiveram uma alta bem expressiva no preço

Hoje, vamos entender melhor o que motivou essa alta, e quais são as expectativas para os próximos meses.

Café como commodity:

Antes de entendermos o que motivou a alta do café, é preciso que entendamos como se forma o seu preço, de que maneira este preço é afetado.

De forma simples, o café é uma commodity agrícola, que tem seu preço fixado em bolsa de valores, de maneira muito semelhante a uma ação, porém, diferente de uma ação, onde você compra a ação e se torna sócio da empresa que possui a ação listada em bolsa, no caso do café e das demais commodities, o intuito é utilizar a bolsa de valores principalmente como um instrumento de especulação e proteção em relação a variação do preço daquela commodity.

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Existem basicamente dois tipos de operadores dentro da bolsa de valores, quando falamos de commodities:

Hedger:

O Hedger é quem busca se proteger contra a oscilação do preço de determinado ativo, o mais comum são, por exemplo, produtores agrícolas, como café, que buscam se proteger contra uma possível queda no preço do mesmo.

Especulador:

O especulador é quem busca investir de maneira que tenha algum lucro, seja com a alta ou com a queda de determinada commodity, por exemplo, alguém que pensa que o preço do café poderá cair nos próximos meses poderá entrar vendido para que possa ter algum lucro, caso esse cenário se concretize.

Os especuladores são a contraparte dos hedgers quando pensamos em uma operação dentro da bolsa de valores.

O café dentro da bolsa de valores:

Atualmente, o café possui cotação dentro de várias bolsas de valores, contudo, quando pensamos em bolsas de valores focadas em commodities, as Bolsas de Chicago e de Nova York nos Estados Unidos, também chamada de CME e NYSE respectivamente, são as mais relevantes no mundo, tanto na questão de volume quanto de produtos negociados.

Por conta disso, a cotação mais utilizada em operações de exportação e importação normalmente é a da Bolsa de Nova York, e isso faz com que qualquer alteração na cotação afeta o preço da commodity de maneira global, afinal, principalmente quando falamos do café, o seu consumo ocorre em todo o mundo e em diversas classes sociais.

Café arábica:

Apesar de tratarmos o café como uma commodity só, na verdade, atualmente existem cerca de quatro tipos diferentes de café, sendo que os mais relevantes são o café Arábica e o Robusta.

Contudo, a maior parte do café produzido e exportado pelo Brasil é do tipo Arábica, então, vamos entender melhor sobre ele.

A variedade chamada Café Arábica possui como característica principal o seu sabor mais adocicado, o que permite que seja feita uma torra suave, mantendo a qualidade e o sabor, e por conta disso, é a variedade de café mais produzida e consumida no mundo.

Contudo, por conta de ser uma espécie mais sensível e suscetível a mudanças climáticas e pragas, que deve ser cultivado em regiões de clima mais ameno e em terrenos de altitude mais elevada, trazendo uma complexidade maior em sua produção, tornando o café Arábica um tipo de grão mais especial e de valor maior.

Além disso, toda essa complexidade no cultivo traz consigo um risco maior para os produtores, que se reflete diretamente na volatilidade da cotação do ativo, justamente por conta da incerteza com relação à safra do café.

Outro ponto muito importante em relação ao café Arábica é que a sua cotação se dá totalmente em dólares dos Estados Unidos, o que faz com que países que possuem uma moeda mais fraca que o dólar, acabam também sofrendo por conta da variação do câmbio, como no caso do Brasil.

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O que motivou a alta no preço do café?

Primeiramente, devemos entender que essa alta no café se estende desde safras anteriores, contudo, em razão de diversos fenômenos climáticos e também econômicos ao redor do mundo, podemos ver uma alta mais expressiva nos últimos meses.

De 2023 para 2025 o preço da saca de 60kg de café Arábica saiu de R$900,00 para R$2.300,00, chegando a mais de R$2.500,00 em Fevereiro de 2025 e atingiu a sua máxima histórica na bolsa de valores do Brasil também em Fevereiro de 2025, chegando aos R$2.565,85 por saca de 60 kg.

Ou seja, em pouco mais de 2 anos o preço da saca de café Arábica quase triplicou.

(Imagem representando a cotação do contrato futuro de café)

Problemas climáticos:

Dentre os principais problemas que resultaram na alta do café, o maior deles provavelmente é a questão dos problemas climáticos que vêm ocorrendo durante a safra de café, afinal, como falamos anteriormente, o café Arábica é uma espécie extremamente sensível a mudanças climáticas, e questões como chuvas em excesso, ou secas extremas, além de fatos como as queimadas que ocorreram em estados como São Paulo e Minas Gerais, onde se é produzido a maior parte do café exportado pelo Brasil fez com que a safra de café fosse bem abaixo do que se esperava, gerando um abastecimento menor tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo, de forma que, em razão disso, para que o custo de manejo, plantio e colheita venha a valer a pena.

Por conta do Brasil ser responsável por cerca de 20% da exportação global de café, qualquer alteração que ocorra em nossa safra atinge de maneira bem forte o preço da commodity, de maneira positiva ou negativa.

Segundo dados da Conab, a produção de café para o ano de 2025 no Brasil é de uma queda de 4,40% em relação a 2024, com a produção atingindo cerca de 51,8 milhões de sacas de 60kg de café.

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Fluxo de exportações maior:

Como falamos anteriormente, o café possui o seu preço cotado em dólares, o que torna a exportação muito mais vantajosa, principalmente em momentos onde a safra acaba sendo menor do que o programado, como o que vem ocorrendo nos últimos anos com as safras de café, afinal, a margem ao se vender para fora, ganhando a diferença cambial, tende a ser bem maior, apesar dos custos com exportação e tarifas cambiais.

Esse aumento nas exportações, e consequentemente, diminuição do produto que fica disponível no mercado interno faz com que os preços do café aqui no Brasil aumentem, em razão da menor oferta.

Câmbio desfavorável:

Não é apenas o preço da commodity em si que é cotado em dólares, além disso, boa parte dos insumos, como fertilizantes, pesticidas e o próprio combustível para o maquinário possuem o seu preço cotado em dólares, e em razão disso, com o aumento da cotação do dólar que vimos ocorrer nos últimos meses, o custo de produção geral do café sofreu um aumento expressivo.

Por conta desses insumos serem de extrema importância para a manutenção da produtividade e saúde da safra, a sua necessidade é constante e imediata muitas vezes, o que acaba por não dar a opção do produtor de adquirir ou não determinado produto, desta forma, com o aumento do custo de produção, para que o produtor não tenha algum prejuízo e consiga manter as margens da sua empresa em níveis saudáveis, o produtor acaba repassando esse custo para o consumidor final, que acaba pagando mais caro pelo seu produto.

Esse aumento do câmbio se deu principalmente por questões econômicas no nosso país, que fez com que a visão global em relação a nossa saúde econômica e fiscal piorasse, gerando uma demanda por dólares maior do que o comum por parte dos investidores institucionais, jogando a cotação do dólar para patamares nunca vistos, chegando a bater a máxima histórica da cotação do dólar desde 2002, fechando em R$6,27 em dezembro de 2024.

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Qual a perspectiva para o futuro?

Com relação a questão climática, com a melhora do clima seco e aumento das chuvas em regiões mais importantes para a produção de café, possivelmente veremos uma melhora significativa no resultado das safras, o que pode no curto e médio prazo gerar uma pressão no preço do café que leve para uma queda em sua cotação.

Já em relação a questões como o fluxo de exportações e o câmbio desfavorável para os produtores, para que vejamos uma melhoria nesse ponto, o caminho mais simples é uma melhora em nosso ambiente econômico, com diminuição de juros e controle de inflação, em conjunto com medidas que visem manter os gastos sob maior controle.

Caso esse cenário venha a se concretizar, poderemos ver uma melhora na confiança econômica dos investidores institucionais em relação à saúde econômica do nosso país, o que deve levar a uma queda na cotação do dólar, principalmente no curto prazo.

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Conclusão:

Vimos que a alta do preço do café não se deu apenas por um único motivo, e sim um conjunto de razões, principalmente climáticas e econômicas, porém, apesar do preço estar em um patamar bem elevado, existe sim um caminho relativamente claro para uma queda em seu preço no curto prazo, contudo, é preciso acompanhar de perto para entender o desenrolar dos eventos.

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